Estudo de prevalência sobre o uso de tabaco em idosos vivendo na comunidade e associação com fatores sócio-demográficos e de saúde física e mental / A prevalence study of tobacco smoking in later life community and its association with socio-demographic factors, physical health and mental health status

Objetivo: Avaliar a prevalência do hábito de usar tabaco em idosos vivendo em áreas urbanas do Rio Grande do Sul, Brasil Método: Em estudo de corte transversal, uma amostra representativa de 6961 indivíduos, selecionados de modo randomizado, com 60 anos ou mais, residentes na comunidade, em áreas urbanas, foram avaliados para estimar a freqüência do hábito de fumar. Todos os participantes completaram entrevista estruturada, aplicada por entrevistador treinado, face-a-face, no próprio domicílio dos sujeitos da pesquisa. A entrevista era composta por questões fechadas e agrupadas em blocos temáticos. Informações relativas ao hábito de fumar, perfil sócio-demográfico, condições de saúde física e mental foram coletadas. Os dados de saúde mental foram avaliados utilizando o Short Psychiatric Evaluation Schedule. Resultados: A prevalência do hábito de fumar foi 28,9 por cento para homens, 13,6 por cento para as mulheres e 18,8 por cento para ambos os sexos. O uso de tabaco foi mais freqüente em homens na proporção de 3:1. Renda baixa (RC = 1,52), escolaridade (analfabetos) (RC = 1,35), religião não evangélica (RC = 2,17), ausência de prática de atividade física (RC = 1,21) foram fatores sóciodemográficos associados de modo independente e positivo com uso de tabaco. A presença de doença pulmonar (RC = 1,93) e morbidade psíquica (RC = 1,32) e ausência de doença cardíaca (RC = 1,51), hipertensão arterial (RC = 1,51) e diabetes (RC = 1,50) estiveram associadas com aumento na chance de uso de tabaco. O aumento na idade (RC = 0,93) e o estado civil (casado) (RC = 0,66) foram fatores associados de modo independente e negativo com uso de tabaco. Duas características sócio-demográficas interagiram: etnia e religião. Sujeitos não brancos e não evangélicos apresentavam chance 2 vezes maior de serem fumantes quando comparados com sujeitos brancos e evangélicos Conclusão: Os fatores associados com aumento na chance de uso de tabaco foram: sexo masculino, analfabetismo, baixa renda, presença de morbidade respiratória e presença de morbidade psíquica, ausência de morbidade cardíaca, ausência de hipertensão e ausência de diabetes. Os fatores associados com redução na chance de uso de tabaco foram o aumento da idade, o estado civil casado, a prática de atividade física e a religião evangélica.

Neuropsicologia da depressäo / Neuropsychology of depression

A depressäo é uma síndrome que inclui em seus critérios diagnósticos as manifestaçöes cognitivas. No entanto, pouco se sabe ainda sobre a especificidade dos distúrbios cognitivos nesses quadros.Diferentes critérios de seleçäo de amostras, pequeno número de pacientes nos estudos e ênfase em pacientes idosos contribuem para essa dificuldade. O avanço dos estudos com neuroimagem com avaliaçäo por métodos näo invasivos troxe informaçöes que permitem correlacionar as alteraçöes cognitivas com vias neuroanatomofuncionais nesses quadros. Nessa revisäo objetiva-se descrever as principais alteraçöes cognitivas encontradas nas depressöes, especialmente nos quadros unipolares e bipolares, bem como as suas correlaçöes com estudos de neuroimagem. As principais alteraçöes neuropsicológicas descritas enfocam a atençäo, a lentidäo e alteraçöes na flexibilidade mental. Há dúvidas, no entanto, se essas alteraçöes seriam características da depressäo ou se acontecem pela desmotivaçäo. Em relaçäo aos estudos de neuroimagem, há pequena causuística na maioria dos estudos e as maiores evidências säo de leucoaraiose, em especial nas depressöes em idosos, e hipofunçäo frontal no giro do cíngulo anterior pela neuroimagem funcional em unipolares e alteraçöes no lobo temporal em bipolares. Conclui-se que a homogeneizaçäo de amostras de pacientes depressivos, o aumento da causuística de depressivos jovens e o desenvolvimento dos métodos de neuroimagem ainda säo pontos a serem atingidos para o melhor conhecimento da neuroanatomia e dos aspectos cognitivos da depressäo unipolar em jovens

A depressäo de início tardio é preditor de demência ? / Is late-life onset depression a predictor of dementia ?

A depressäo é um dos diagnóstico mais freqüentemente encontrados em idosos e apresenta peculiaridades que a tornam qualitativamente diferente da depressäo presente em adultos. Os fatores genéticos parecem ser menos proeminentes, a expressäo sintomatológica pode näo ser täo esterotipada quanto em pacientes jovens, está frequentemente associada com alteraçöes cognitivas, funcionais e estruturais cerebrais, sendo possível que fatores cerebrais orgânicos tenham significado etiológico. A associaçäo com desordens demenciais é forte, podendo a depressäo ser um sintoma da demência, representar um evento concomitante, ou ser preditor de demência subseqüente. O presente artigo objetiva discutir a correlaçäo entre ambas, com ênfase na possibilidade da depressäo com início tardio ser um preditor ou fator causal para demência subseqüente

Depressäo tardia, demência e pseudodemência / Depression in late life, dementia, and pseudodementia

As síndromes de demência e depressäo säo diagnósticos muito freqüentes encontrados em idosos. A distinçäo nem sempre é tarefa fácil, complicada pelas modificações associadas ao processo de envelhecimento, sobreposiçäo de sintomas psicomotores e cognitivos e pela forte correlaçäo entre as mesmas. O presente artigo visa descrever aspectos clínicos, com ênfase no comprometimento cognitivo e na síndrome de pseudodemência, assim como os aspectos genéticos e neurobiológicos da depressäo com início em fases tardias da vida. A depressäo de início tardio pode coexistir ou ser preditor de demência subseqüente. Säo ressaltados os aspectos comuns com desordens demenciais e a evoluçäo para quadro demencial sugere a possibilidade de uma fisiopatologia comum